quinta-feira, fevereiro 23, 2006

(Crítica) Capote

Capote
de Bennett Miller
(2006)

Nos finais da década de 50, mais propriamente em 1959, o homícidio de quatro elementos de uma família rural do Kansas, desperta o interesse do jornalista/escritor Truman Capote que se propõe a escrever um artigo sobre esse acontecimento e o impacto que teve na comunidade de Halbomb. No entanto, durante a sua investigação, apercebe-se que o caso tem um potencial demasiado grande para um simples artigo, pelo que decide escrever "In Cold Blood", uma obra que definiria um novo género literário, o romance documental. Para atingir o seu objectivo Capote desenvolve uma relação próxima com um dos dois assassinos, de modo a obter o relato dos acontecimentos.

"Capote" é um filme que incide essecialmente sobre o processo de criação da obra do famoso escritor americano - "In Cold Blood A True Account of a Multiple Murder and Its Consequences" - e a relação que este formou com um dos criminosos. A relação entre Capote e o assassino Perry Smith (Clifton Collins Jr.) torna-se o principal veio condutor do filme, com o autor a estabelecer uma relação que anda na fronteira entre a empatia e a necessidade. Se por um lado precisa das suas confissões, e que no final a sentença de morte que lhe foi declarada seja cumprida de modo a poder terminar o romance, ao mesmo tempo não deixa de ver por detrás do monstro um ser humano, pelo qual nutre uma certa atracção e onde ele próprio se identifica em certos aspectos. É nesta relação ambígua, no entanto, que reside a maior falha do filme, não se mostrando tão forte e interessante como poderia ter sido, ou com um impacto emocional como se pode ver em "Dead Man Walking", um filme com pontos semelhantes.

O ponto mais forte do filme reside assim na personagem de Capote, destacando-se acima do relato dos acontecimentos, graças a um Philip Seymour Hoffman extraordinário. Hoffman é Truman Capote. Não só os seus maneirismos e timbre de voz agudo efeminado foram perfeitamente
capturados, como o seu narcisismo e exibicionismo, assim como os seus sentimentos e emoções, são transmitidos por Phillip com mestria. Se não concordo que "Capote" mereça a estatueta de melhor filme, Philip Seymour Hoffman é mais que digno do óscar de melhor actor principal.

"Capote" é um bom filme, mas que vale essencialmente pela excelente interpretação de Hoffman.


7/10

1 Comments:

Blogger Pure_Water said...

Boa review ;)

Eu gostei do filme, excelente representação do Hoffman, e bom desenvolvimento da história. Inda para mais como a história (real)do Capote não é bem do meu tempo, é interessante vê-la representada na tela.

1:43 da tarde  

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