sexta-feira, janeiro 05, 2007

(Crítica) American Dreamz

American Dreamz
de Paul Weitz
(2006)

"You have been Omerized!"

Tendo uma carreira ainda bastante curta, iniciada em 1999 com a comédia American Pie, Paul Weitz tem o mérito de nos seus dois últimos filmes (About A Boy e In Good Company) ter assinado duas obras de qualidade superior. Ainda que partindo de histórias distintas, ambos partilhavam um elemento comum que de certa maneira os aproximava e os destacava no vasto universo cinematográfico: tinham a espantosa capacidade de tocar o mais íntimo do espectador e de o fazer reflectir sobre que tipo de pessoa deseja ser. Marcando o regresso do realizador norte-americano e contando com um número generoso de nomes conhecidos no elenco (Hugh Grant, Dennis Quaid, Mandy Moore e Willem Dafoe, apenas para mencionar os mais sonantes), as minhas expectativas para este filme eram elevadas e assim que tive um bocadinho fui ao videoclube e aluguei-o...

American Dreamz gira em torno de um concurso homónimo, uma espécie de American Idols, e usa-o como pretexto para (tentar) explorar os dramas e conflitos interiores de personagens muito diversas. Do apresentador do concurso mais famoso do mundo que se debate constantemente com questões como "Alguém gosta realmente de mim?" a um terrorista enviado para a América no âmbito da jihad islâmica que é acolhido por uma família muçulmana americanizada e põe em causa todos os seus valores, há um pouco de tudo neste American Dreamz e talvez seja essa a raíz do seu redondo falhanço.

Havendo várias histórias para contar e não apenas uma principal, Paul Weitz acabou por se perder no argumento e a construção das personagens saiu severamente penalizada, sendo que nenhuma delas se consegue assumir como mais que um mero estereótipo. Estereótipos certamente não mexem com os espectadores e o resultado final acaba por ser extremamente superficial. American Dreamz acaba por não ter nem o toque intimista da filmografia mais recente do realizador, nem a frescura e comicidade do seu filme de estreia. Acabou por ficar num meio que dificilmente cativa alguém e foi uma tremenda desilusão da qual a única memória positiva é a qualidade do desempenho de Hugh Grant.

Percebo agora que a distribuidora o tenha enviado directamente para vídeo, efectivamente um filme destes não merece estrear em salas portuguesas e foi uma decisão sensata. Só é triste que ainda existam filmes bem piores a ver a luz do dia nos nossos cinemas...
4/10