quarta-feira, janeiro 11, 2006

(Crítica) O Crime do Padre Amaro

O Crime do Padre Amaro é uma adaptação (muito) livre da obra homónima de Eça de Queirós, uma adaptação repleta de sexo (muito dele completamente gratuito) e do muitíssimo irritante "espírito de bairro". Quem me conhece sabe que não tenho a mínima pachorra para o "espírito de bairro". Quanto ao sexo, nada contra. Mas um filme cujos únicos trunfos são as cenas de sexo e o corpo escultural da actriz principal (ou actor, consoante o género e a inclinação sexual do espectador) é um filme tremendamente pobre. O leque de actores conhecidos é inacreditavelmente vasto mas a maioria tem participações e personagens para as quais a palavra superficial não chega para fazer justiça - a Rita Andrade chegou a abrir a boca? Quanto à parte "inovadora" do argumento, só há a dizer que leva o "fácil" e "comercial" de Sorte Nula ao patamar seguinte. Ainda assim, e apesar de tudo isto, O Crime do Padre Amaro conseguiu inverter uma tendência mundial relativa à quebra do número de pessoas que vai ao cinema e obteve a impressionante marca de 53.470 espectadores no fim-de-semana de estreia. E de facto, apesar de o filme ser francamente mau, os 100 minutos que a película dura não são totalmente mal passados. Ando a tentar arranjar uma explicação lógica aceitável para esta aparente contradição mas a única que me ocorre é demasiado... borrega.

4/10