(Crítica)Thumbsucker
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Thumbsucker é único.
Apresenta-nos Justin Cobb (Lou Taylor Pucci), um adolescente como tantos outros que se depara com o problema de crescer. A sua mãe é viciada numa série de televisão e nutre uma estranha obsessão por um actor dessa série. O pai é um ex-desportista que nunca atingiu o sucesso e que tende a projectar os seus sentimentos no filho.
Na escola, Justin é mediano. Uma sombra sem confiança que vagueia pelos corredores. Tenta apenas mostrar-se a Rebecca (Kelli Garner), com pouco ou nenhum sucesso.
E para piorar isto tudo nunca perdeu o hábito de chupar no dedo. Vive grandes problemas pessoais de vergonha por isso e nem com hipnose praticada pelo dentista o seu problema se resolve.
É estranho pensar que este filme estreia pela primeira vez em solo português há quase 1 ano no Indie Lisboa e que desde então mais ninguém lhe pegou. A verdade, é que num mês de tantos grandes filmes a estrear, mais nenhum tem o carisma de Thumbsucker.
A história do "coming of age" é um tema recorrente quando se quer explicar ao mundo as mentes conturbadas (e por vezes irritantemente geniais) dos adolescentes. Contudo, fica sempre um registo paternalista que dá a entender que os adolescentes são apenas um grupo de pessoas mal entendidas. Thumbsucker, não cai nesse erro. Mostra-nos mais do que o potencial de Justin Cobb. Mostra-nos esse potencial concretizado e consequentemente destruído. É uma lufada de ar fresco ver um filme tão pouco condescendente.
O chupar no dedo é também uma metáfora bastante interessante. Surge não só como problema da personagem principal, mas como uma espécie de vício tipo. Mostra-nos os vícios como ajudas para lidar com a realidade. O chupar o dedo surge de uma forma que pode ser comparada a tomar drogas ou a criar fantasias. É um escape para tornar o real mais fácil de lidar. Não é mais agradável. É simplesmente mais fácil. Como a certa altura existe alguém diz que nasce viciado em fantasias, é disso que trata em grande parte o filme. A forma como todos nós, de uma forma ou de outra, andamos enamorados por uma fantasia de nós mesmos.
Mike Mills tem um trabalho de câmara absolutamente sublime. Determinadas imagens entram no nosso olho e derretem o nosso cérebro. Não pela violência. Mas porque ele filma o mais corriqueiro dos momentos com um bom gosto que é impossivel não ficar rendido. Utiliza a distância de foco para nos mostrar um mundo desfocado e apenas revelar aquilo que é importante. Tal efeito ultrapassa o estilo e atinge a metáfora visual.
Lou Taylor Pucci, tem aqui um papel que provavelmente o irá acompanhar para o resto da vida. Outros actores como Tilda Swinton ou Vincent D'Onofrio estão inigualáveis, e temos no geral, um dos casts mais fortes e coesos que já vi. É possível que tal facto venha já das personagens, mas não se sente o mínimo de exagero ou de esforço. São pessoas a falar de vida real e fazem-no muito bem.
Por isto tudo e muito mais, Thumbsucker foi uma agradável surpresa. Mas mais importante que isso, é um grande filme.
8/10
2 Comments:
"Utiliza a distância de foco para nos mostrar um mundo desfocado e apenas revelar aquilo que é importante. Tal efeito ultrapassa o estilo e atinge a metáfora visual."
WTF?! Estes designers.... pffttt :p
Anyway, apesar dos delirios tecnico-estilisticos (fiquei na duvida acerca da categoria a definir), sim sr, os meus parabéns, para além das capas de trabalhos (o meu album?!) também tens muito jeito para criticas.And **** Mr. Anonymous. (pq eu sou uma menina bem-educada)
:) olá sócia :)
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