quarta-feira, fevereiro 08, 2006

(Crítica) Brokeback Mountain



Brokeback Mountain
de Ang Lee

Fui para este filme convencido que ia ser demasiado chato e com as expectativas um bocado em baixo. No entanto, estava não só disposto mas também desejoso de mudar de opinião. É um filme assim tão entediante como eu esperava? Não. Mas também não acho que seja nenhuma obra prima.

Brokeback Mountain conta-nos a história de dois cowboys, Ennis Del Mar e Jack Twist (Heath Ledger e Jake Gyllenhaal) que no decorrer do verão de 1963, o qual passaram sozinhos na referida montanha a guardar ovelhas, criam uma relação que varia entre o amor e a luxúria. O trabalho, no entanto, acaba mais cedo do que o esperado e eles voltam cada um para a sua terra, tentando continuar a sua vida como se nada se tivesse passado. Ennis Del Mar casa assim que regressa e tem duas filhas e também Jack acaba por casar e ter um filho. No entanto, nunca conseguem esquecer o verão de 63. O filme desenrola-se então à volta das tentativas dos dois de viver uma vida normal e ao mesmo tempo manterem a sua relação, à medida que envelhecem.

O filme tem os seus momentos. Existem certas cenas e determinados aspectos que são realmente bons. Tanto Heath Ledger como Jake Gyllenhaal fazem bons papeis mas durante uma boa parte do filme as suas personagens não precisam de qualquer actuação, chegando mesmo a tornarem-se chatas. Todavia, quando o exigem, ambos conseguem boas performances. Já não compreendo no entanto a nomeação de Michelle Williams para os Oscars. O trabalho de fotografia é excelente e somos constantemente presenteados com imagens maravilhosas, especialmente enquanto o acção se passa na montanha. A banda sonora é quase minimalista, recorrendo várias vezes ao mesmo tema ao longo do filme. No entanto consegue-se aí criar uma ligação com a relação das personagens principais que pouco se desenvolve ao longo do tempo. No geral Ang Lee conseguiu fazer um filme acima da média, mas não mais do que isso.

Fica a sensação de que esta história poderia ser contada com um casal heterossexual e que, se tal acontece-se, ninguém ligava meia ao filme. É claro que se retirássemos os dinossauros aos Jurassic Park ou o extraterrestre ao E.T, estaríamos a criar filmes completamente diferentes, mas fica a ideia para pensarem quando forem ver.

É um bom filme mas, para mim, o verdadeiro segredo de Brokeback Mountain é como é que conseguiu já arrecadar tantos prémios e está na linha da frente para os Oscars.

7/10

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

ao contrário de vocês, que tanto nesta como na crítica anteriormente postada retiram algum crédito ao hype gerado em torno deste filme, considero-o uma obra de qualidade inquestionável, na linha de grandes clássicos de outros tempos. se o casal fosse heterossexual creio que o impacto dramático seria similar e aí reside um dos pontos altos do filme. torna-se um amor universal. o trabalho dos actores é fabuloso e as suas personagens dois humanos tragicamente confrontados com os seus demónios e sentires, tão contrariados como totalmente consumados.
será certamente um filme que dará que falar e que retenho como a aposta mais segura para as estatuetas douradas.

10:19 da tarde  
Blogger Nuno said...

Eu concordo que o filme é tecnicamente bom (mas não genial) e que as actuações também são de qualidade, mas não lhe consigo ver aquela qualidade de romance clássico que perdura para sempre. Talvez até me refira a esta obra no futuro, noutras conversas, mas não me conseguiu marcar.

E atenção, longe de mim querer retirar merito aos filmes só porque são mas ou menos falados, mais ou menos "comerciais". Eu sou aquele gajo que gosta de tudo, desde que me consiga entreter.

E no final brokeback conseguiu, em mim, pouco mais que isso. Entreteve-me. Gostei do filme e até sou capaz de voltar a ver, mas não o consigo achar um marco importante.

12:50 da manhã  
Blogger Oliveira said...

Respeito as outras opiniões, mas para mim o filme só tem tido o sucesso que tem, devido à coragem que o Ang Lee teve de nos dar um filme sobre algo que embora saibamos que existe, nunca o tinhamos visto.

O Brokeback não é mau, longe disse, é um bom filme, uma boa história de amor, no entanto para mim, longe de ser um clássico.

Também acho que as actrizes secundárias foram mal aproveitadas e a nomeação para os óscares de Michelle Williams um pouco forçada. Não que tenha estado mal, aliás, todo o elenco esteve muito bem, com destaque para os dois homens principais, mas porque sinto que não lhe foi dado o "tempo de antena" devido. Esperava ver mais da relação entre marido e mulher dos dois casais, algo que nunca foi muito aprofundado a meu ver.

12:15 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

concordo que não premanecerá um clássico apesar de ser um bom filme.
quanto à Michelle Williams também fiquei com a sensação de "porquê?".
faz um trabalho muito bom mas fica a milhas da Cate Blanchett no The Aviator que está magnífica! foi uma grande surpresa aquela actuação...

3:54 da tarde  

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