(Crítica) Transamerica
Transamerica
de Duncan Tucker
Bree Osbourne (Felicity Huffman), de seu nome de nascença Stanley Schupak, é um transsexual que está a apenas uma semana de ser submetido à operação que vai completar o processo de transformação. O que não estava à espera era de descobrir que, de uma relação que teve à 17 anos atrás, tinha resultado um filho, Toby (Kevin Zegers). Apesar de não querer, especialmente nesta altura, mais complicações na sua vida, Bree vê-se obrigada pela sua terapeuta, Margaret (Elizabeth Peña), a ir conhecer o seu filho e a descobrir como vai lidar com esta nova situação. Como não se sente à vontade para dizer a Toby que ela é de facto o seu pai, decide começar uma viagem de forma a devolver Toby a quem o criou durante todo este tempo para que possa de novo centrar-se em si. No entanto esta jornada não se revela tão simples como ela desejaria.
Duncan Tucker consegue agarrar num tema controverso que ainda não foi excessivamente explorado e criar um filme que não tenta ser chocante apenas para ganhar audiência. A vida de Bree é como é. As suas escolhas não são tomadas para ser diferente mas sim para se parecer no exterior com aquilo que acredita ser no interior e como tal a sua vida é pacata e os seus esforços vão no sentido de se enquadrar com a sociedade. Mas acima de tudo, este filme é Felicity Huffman. É o poder da sua interpretação que o leva às costas ao longo dos mais de 100 minutos e não é por acaso, nem de uma forma injusta, que ela ganhou já 7 prémios, incluindo Globo de Ouro, e que está nomeada para os Oscars. Kevin Zegers faz também um bom papel (que acaba por ficar na sombra do de Felicity) e a sua personagem constrasta com a de Bree na forma como se relacionam com o seu corpo. Toby, devido ao que já teve de passar, está muito mais à vontade com a sua sexualidade do que Bree, que ainda não conseguiu encontrar o equilíbrio que deseja.
Transamerica, mais do que um filme acerca de transsexualidade, é uma reflexão sobre a família moderna. Uma família onde já nem só os filhos desafiam as barreiras da sociedade.
7/10
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