segunda-feira, abril 30, 2007

(Crítica) Shooter

Shooter
de Antoine Fuqua
(2007)

“I still have the shovel”

Shooter gira em torno de Bob Lee Swagger (Wahlberg), um dos melhores snipers do exército norte-americano. Numa missão algures na Etiópia, Swagger fica entregue a si próprio depois de ter sido abandonado no campo de batalha mas, ainda assim, consegue escapar, renuncia à vida militar e retira-se para as montanhas… até ao dia em que o alto responsável da segurança norte-americana lhe pede ajuda para evitar um atentado à vida do presidente. Relutante, Swagger acede ao pedido e quando dá por si tem duas balas no corpo, a sua cara exposta nas televisões de todo o mundo e todas as organizações de segurança norte-americanas atrás de si, o alegado autor do disparo que teve lugar na cerimónia em que o Presidente iria discursar. A partir daí, acompanhamos a trajectória relativamente linear de Swagger: [spoiler fraquinho] foge, cura-se, percebe o que se passou e vinga-se [/spoiler]

O argumento, para além de parco em originalidade, deixa também algo a desejar no que toca à solidez, havendo alguns acontecimentos algo implausíveis na lógica narrativa. Ainda assim, tem duas frases (“These people killed my dog” e “I still have the shovel”) muito bem conseguidas no contexto em que aparecem. De facto, nem tudo é mau e o filme acabou por superar as minhas expectativas à entrada do cinema. As interpretações não são fantásticas mas não comprometem e a Mark Walhberg acaba por ter um desempenho bastante sóbrio neste seu primeiro franchise [(?) -há mais dois livros sobre a mesma personagem, resta saber se serão adaptados ao grande ecrã]. Antoine Fuqua também dá uma ajuda, conseguindo criar alguma tensão em momentos chave.

Dentro dos inúmeros eu-(quase)-sozinho-levo-exércitos-inteiros-à-frente, Shooter fica a meio caminho entre xXx e a saga Bourne. Não tendo grosseirismo e prepotência de xXx, Shooter tem alguns excessos que não lhe permitem atingir a elegância da saga de Matt Damon.

A nota mais sensata a atribuir a um filme como este seria 5. No entanto, e apesar do meu profundo desprezo pela esmagadora maioria das coisas que encerra a vida militar, sempre tive um fascínio por espiões e snipers. Sempre lhes atribuí uma componente cerebral e uma componente de perícia e o facto é que este filme acaba por as retratar de forma bastante competente. Independentemente de tudo o resto, ver Mark Walhberg a disparar a distâncias superiores a meio quilómetro foi algo que gostei, efectivamente, de fazer.

6/10

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