(Crítica) Cars
de John Lasseter
Como já várias vezes referi a minha relação com os filmes da Pixar é um bocado estranha. Adoro tudo o que fizeram até hoje e admiro-os imensamente pela forma como revolucionaram a 7ª arte, mas estou sempre à espera do dia em que me vão finalmente desiludir. E foi algures entre estes dois sentimentos que eu fui ver Cars.
Desta as personagens são carros (tinha mesmo de explicar?) e uma das minhas maiores preocupações era de que forma é que lhes iam dar vida. Mas uma coisa que eu já devia ter aprendido é a dar algum crédito aos génios por detrás destes filmes. É espantoso o quão humanas estas personagens conseguem ser, mantendo indiscutivelmente a sensação de serem carros. Tivessem as empresas que fazem a maior parte dos efeitos especiais para filmes de acção esta mestria sobre o 3D.
A história e os diálogos excedem, em situações pontuais, a capacidade de compreensão dos mais novos, mas parece-me que no geral está perfeitamente ao seu alcançe e, ao estilo das melhores animações para os petizes, aproveita para incutir alguns valores morais. Desta vez, além dos temas comuns e intemporais como o amor ou a fama, o assunto mais presente é o da valorização do passado e como hoje em dia, com a constante evolução de tudo em velocidade excessiva, é tão fácil cair no esquecimento. A acompanhar o filme está uma banda sonora curta, mas muito boa, que representa exactamente o que acabei de falar, num exemplo da incrível atenção ao detalhe existente. A versão de Route 66 interpretada por John Mayer, onde o clássico é trazido de novo à vida por um dos maiores talentos da actualidade, é uma imagem perfeita do filme.
Mais uma vez John Lasseter, que regressa à realização 7 anos depois de Toy Story 2, apresenta-nos um filme inspirador, daqueles que nos fazem acreditar que os bons valores sempre existem e que se calhar não temos de deixar de acreditar neles quando crescemos. A única coisa que filme após filme me angustia é a sensação de vazio que fica sempre que passam os créditos. É triste quando temos de sair da sala e deixar para trás aquele mundo fantástico, mas no entanto, essa é uma angustia reservada apenas para os melhores.
9/10
4 Comments:
:) É genial, não é?
Uma pequena questão: o que é necessário para um filme merecer um 10 na vossa escala? Durante a crítica não foi referido um único defeito ao filme, mas no entanto não levou a nota máxima :P(Atenção, não estou com isto a dizer que o Cars merecia o 10, é apenas mera curiosidade)
Gostei do que escreveste. Excelente maneira de acabar a critica já agora.
Só um pequeno defeito(ta a pegar isto) "que representa exactamente o acabei de falar," o -> que <- acabei de falar! certo ?
Só por esta critica e pelos comentários do Daniel. Sou bem capaz de ir ver este filme ao cinema. Se o sacar é pq não tive tempo para ir. E eu a pensar á priori que seria apenas mais um filme para animar a pequenada.
=========== Off Topic ============
Sabes do que me lembrei agora nuno ? não vais acreditar. Dizia-te isto praticamente todos os dias no 9º ano e nos riamo-nos sempre.
"Corncop-man?!? There're a lot of sick people in this town" - The Devil, Cow & Chicken.
hahaha
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Depende..... Além de serem muito bons, têm de:
- Se for o nuno, é preciso que o filme tenha o Will Smith.
- Se for o luis, tem que ser desconhecido (se tiver a Scarlett Johansson tb ajuda).
- Se for o ricardo ter a Rachel Weiz (não precisa de ser bom).
Quanto a mim.... acho que um filme com a Natalie Portman, Naomi Watts e Jennifer Connely me enchia as medidas.
Daniel:
Tens toda a razão, eu mesmo estava a pensar nisso enquanto escrevia e acho que será muito difícil eu dar um 10 a um filme. É que para isso ele tem de ser perfeito e apesar de eu me ter perdido um bocado enquanto escrevia esta crítica é verdade que existem momentos no filme que não são nota 20. O que não significa de forma alguma que sejam maus, mas ainda ficam áquem da perfeição. No entanto um filme ao qual eu dou 9 (ou mesmo 8) é sem dúvida um dos "filmes da minha vida" :P (pequena private, peço desculpa)
Paulo:
Em primeiro lugar obrigado pela correção. E além disso fizeste-me rir, já nem me lembrava do Cornpop-man! A nostalgia...
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